Essa semana eu tive uma discussão com amigos sobre a moda que se criou em torno do uso do gerúndio (amplamente divulgada pelos serviços de telemarketing). Enquanto eles defendiam o uso, eu expurgava qualquer forma de utilização do mesmo. Fiquei com aquilo na cabeça e assim que pude, fiz uma pesquisa na Internet sobre o assunto, que me levou a um excelente texto. Como faz um tempo que não posto qualquer coisa por aqui, resolvi compartilhá-lo com os leitores.
Você vai estar fazendo...?
João vai estar sendo informado de que sua assinatura de TV a cabo vai estar sendo ativada. Maria vai estar checando seu extrato bancário. José vai estar encontrando Ana no cinema às oito. E Ana, por sua vez, vai estar estando com dor de cabeça e provavelmente vai estar dando o cano em José. Pobre José!
E então? Você notou algo estranho no parágrafo acima? Se notou, ainda há salvação para sua alma. Se não... não se preocupe, que sua alma irá para o Céu assim mesmo. Afinal, como já dizia Cristo, "Perdoai-os, eles não sabem o que fazem".
Ou talvez fosse mais adequado dizer: "Perdoai-os, eles não sabem o que vão estar fazendo"... Pois é. Parece que o vírus do "ir estar fazendo" contaminou de vez a língua portuguesa falada em grandes centros urbanos do Brasil. E continua se propagando sem piedade. Será que a doença tem cura? Chegará o dia em que os brasileiros finalmente vão fazer em vez de ir estar fazendo algo?
Origem da epidemia
Tudo começou quando algum tradutor inadvertidamente traduziu de modo inapropriado a estrutura do inglês. Esse tradutor deparou-se com uma frase mais ou menos assim: "Mary will be checking her bank account". Aí traduziu-a ao pé da letra: "Maria vai estar checando sua conta bancária". Depois disso, vários tradutores tiveram a infeliz idéia de adotar a fórmula, e foi aí que a porca torceu o rabo.
Veja bem, esse ir-estar-fazendo não é português. É inglês mal traduzido. No português, temos formas bem mais simples e simpáticas para expressar a mesma idéia. É o caso do bom e velho futuro do indicativo: "Maria vai checar sua conta bancária".
O português permite até o uso do gerúndio e do presente no lugar do futuro do indicativo. Por exemplo, José poderia dizer a Ana: "Então, hoje à noite, a gente está se encontrando na porta do cinema". Ou ainda: "Hoje à noite, minha querida amiga, a gente se encontra na porta do cinema".
Viu só como o ir-estar-fazendo não faz a menor falta nessas situações? Ele não passa de um apêndice, de uma gordura injetada na língua portuguesa. Vamos fazer uma lipoaspiração já!
Mas justiça seja feita: existem duas situações em que o emprego do ir-estar-fazendo é correto e legítimo. Quando temos um período de tempo definido, podemos dizer: "Esta noite, das oito às dez, Ana e José vão estar assistindo a um filme". Ainda, permite-se o seu uso para assinalar duas ações simultâneas: "Haverá um desencontro e, quando José estiver entrando no cinema, Ana vai estar saindo pela porta dos fundos".
Situação alarmante
Durante muito tempo, o ir-estar-fazendo permaneceu restrito ao círculo acadêmico. Quando eu estava na faculdade, não raro ouvia algum professor declarar que os alunos "iriam estar amarrando os tópicos das aulas no trabalho de conclusão do curso". Não obstante, seu uso era relativamente discreto.
De uns anos para cá, entretanto, o ir-estar-fazendo botou as asas de fora e consolidou-se como uma verdadeira praga a assolar os belos canteiros da língua portuguesa. As pessoas usam e abusam dele em todas as situações, desde uma conversa corriqueira até cartas comerciais. Todos pensam que é "moderno" e "arrojado".
Esse fenômeno é preocupante. Ao contrário de certas expressões idiomáticas que vêm e vão ao sabor dos modismos, o ir-estar-fazendo é uma estrutura linguística e infiltra-se diretamente nas bases do idioma. Consequentemente, torna-se muito mais difícil erradicá-lo.
Fonte: Nicole's Diary
Leitura Recomendada
- Ensaio sobre a Cegueira – Resenha deste inovador livro de José Saramago.
- A Tetralogia de Hannibal – Os quatro filmes que contam a vida e os crimes do Canibal.
- A Catedral e o Bazar – Resenha do livro de Eric Raymond, sobre o método de desenvolvimento de programas de código aberto.
- Siglas Latinas – Coletânea de algumas siglas de origem latina, comumente encontradas em textos.
Oláaaaaaaa
ResponderExcluirnossa que bom ver um novo post!
e, gerundio naum rola!
muito pobre para o vocabulário, apesar de que ultimamente eu tenho me utilizado dele bastante, o que não me agrada em nada, mas é aquela coisa, a gente acaba pegando alguns vícios XD
viu, no mínimo um gerúndio neste coment!
mas aparece mais... adorei o texto! Tanto que quero pedir permissão para utilizar um Ctrl+C e V XD
bjusss moço!
Salve!
ResponderExcluirEu já me peguei usando essa má prática (muito poucas vezes), mas sempre tentei me corrigir. Particularmente eu acho isso bizarro! Acho que tem que ter muita força de vontade pra não usar!
Claro que pode copiar!
Só pediria pra citar a fonte, mas sei que você vai fazê-lo!
Agora vou aparecer mais, espero!
Beijo! ;-)
Grande Jylo!!!
ResponderExcluirnão podemos deixar nosso português ser prejudicado, vale o sacrifício de ficar atento e não deixar que a vaidade de falar bonito nos condene.Você já deve ter reparado que grande parte dos que cometem o erro do "gerundismo" estão se esforçando em falar bonito.
Tradução:
Grande José!!!
não podemos estar deixando que nosso português fique sendo prejudicado, vale o sacrifício de estar ficando atento e não ficar deixando que a vaidade de estar falando bonito fique nos condenando...chega,vou estar te poupando desta coisa e vou estar encerrando.
Abraço!!!
Will
http://camposvidasubjetiva.blogspot.com
Hey... as pizzas \o/
ResponderExcluirainda naum comemorei XD acho que ainda estou anestesiada pelo efeito XD
obrigada pela visita!
e tem toda a razão. Na facul, quando a gente estudava linguística, o "gerundismo" é muito estudado e me lembro de uma coisa que uma professora de literatura falou, sobre o uso de gerúndios no vocabulário:
_ empobrece tudo! rsrsrs
Bjus moço o/
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