29 de julho de 2008

openSUSE 11.0: O Camaleão Veloz


Dia 19 de junho de 2008 foi o dia do lançamento de mais uma versão do openSUSE Linux. Esta versão foi a primeira desta distribuição a vir com o KDE 4.0 pré instalado, mas houve muitas outras novidades em relação à anterior (10.3).

Instalação
Para a instalação, eu utilizei o DVD para arquitetura de 64bits (x86_64). Apesar do tamanho do arquivo para baixar ser muito maior que o do CD, eu sempre prefiro esta opção para poupar tempo no processo de instalação da distro. A transferência da imagem ISO foi tranquila e rápida, na medida do possível (4,37GB não se baixam em 4 segundos...) e em cerca de 24h, com uma conexão via cabo de 500kbps, eu já estava com o meu DVD gravado, pronto para instalar.

Para começar a instalação, o boot pelo DVD revela sempre o excelente acabamento e preocupação com a estética da distro, que chama atenção a todo momento. Nas telas iniciais não houve muitas modificações com relação à versão anterior, mas ainda assim está tudo no lugar. Selecionado o idioma, basta marcar a opção Instalar e o boot pelo DVD prosegue até o instalador.

Uma das partes do openSUSE que sofreu mais modificações foi o seu instalador, que foi portado para a biblioteca QT4, mesma do KDE 4. Disputando lugar com o tradicional verde, tem-se agora um cinza muito bonito, que resulta numa bela combinação de cores, tornando mais agradável a interação com o programa.

Logo no início, são dadas as boas vindas ao usuário e é apresentada a licença da distro (figura 1). Para proseguir basta aceitar os termos da licença e clicar no botão Próximo. Feito isso será feita uma breve análise do sistema atualmente instalado no computador, que busca por instalações de versões anteriores da distro e por outros sistemas operacionais. Terminada esta etapa, o instalador apresenta ao usuário as opções de se atualizar a versão anterior ou fazer uma nova. Eu optei por uma nova instalação e desmarquei a opção Usar Configuração Automática, para ter um maior controle sobre a instalação.
Figura 1. Primeira tela do instalador do openSUSE 11.0.

Ao se avançar, uma bela surpresa: a tela de configuração do fuso horário está, além de muito bonita (esta é uma palavra constante na descrição do openSUSE), muito funcional. É apresentado um mapa mundi onde pode-se escolher a localidade graficamente ou através de um Combo Box na parte inferior da tela. O mapa mundi do instalador ainda permite ao usuário aumentar o zoom em qualquer parte, o que é bastante útil para áreas com opções de fuso muito próximas. Na próxima tela, outra grande novidade (já citada) sobre a versão: a escolha da área de trabalho, com o KDE 4.0 habilitado por padrão. Para aqueles que ainda não se sentem seguros com esta versão deste excelente ambiente gráfico do Linux, ainda constam GNOME, XFCE (ambos nas suas versões mais recentes) e o próprio KDE na sua versão 3.5. Como já estava ansioso para testar há muito tempo, deixei o KDE 4.0 selecionado e avancei.

Após selecionar o ambiente gráfico, deve-se definir o esquema de particionamento do disco. Esta etapa da instalação não sofreu grandes mudanças e fica novamente a minha nota: o openSUSE precisa de um sistema gráfico de particionamento, como o eficiente Partition Magic. Não que a ausência desta parte gráfica torne muito difícil o particionamento, que é fácil e intuitivo, mas seria um diferencial muito bom para a distro. Como eu utilizo uma partição separada para o diretório home, não precisei fazer qualquer backup. O próprio particionador detectou onde estavam as minhas partições home, swap e onde era montada a raíz do meu sistema anterior e definiu corretamente tudo: os pontos de montagem e as formatações. Ainda assim eu me certifiquei que as partições de swap e / fossem formatadas.

Na próxima tela (figura 2) tem-se as configurações de usuários. Então pode-se cadastrar uma nova conta, cuja senha pode-se definir como a do root (muito bom para poupar tempo) ou pode-se recuperar o arquivo /etc/passwd de uma instalação anterior. Nesta tela ainda pode-se configurar outros tipos de logon, como via LDAP. Preferi criar uma nova conta e defini que a senha desta conta serviria para o root. Neste ponto está quase tudo preparado e é exibido um relatório de tudo que será feito, com a opção de alterar quaisquer configurações. Eu editei o gerenciador de boot, retirando as opções failsafe e Disquete (instalei o sistema no meu Desktop). Depois parti para a seleção de pacotes, no modo detalhado. Como sempre, todos os pacotes estão distribuidos em seções que facilitam a localização de pacotes com a mesma finalidade. Marquei alguns programas que costumo utilizar, além de algumas ferramentas de monitoração de redes e pacotes de desenvolvimento (C – desenvolvimento base – e Python).
Figura 2. Tela de cadastro de usuários.

Ao proseguir, a instalação tem início com o particionamento do disco e a instalação dos pacotes selecionados. Mais uma vez o time da arte dá show com belos ícones vetoriais que são exibidos durante a instalação. A nota ruim é que alguns slides exibidos estavam em inglês (na verdade todos que eu vi estavam em inglês, mas como não pude acompanhar toda esta etapa na frente do computador, não posso afirmar que estava tudo em inglês). Se nas versões anteriores era normal esperar até meia hora para concluir esta etapa, na versão 11.0 tudo terminou em cerca de 15 minutos, o que me deixou positivamente impressionado.

A seguir, configura-se o software para atualização da distro (Updater) com a possibilidade de se realizar a atualização do sistema já neste ponto (para quem já tem sua conexão com a Internet estabelecida). Após, pode-se concluir a instalação de hardware, como impressoras e scanners e assim termina a instalação do sistema. Um detalhe interessante é que o meu sistema precisou ser reiniciado nenhuma vez durante este processo. Nem mesmo após a instalação dos pacotes, quando uma reinicialização é comum, foi necessário, já que o openSUSE teve a "manha" de recarregar tudo on the fly. Ponto para o camaleão!

Primeiras Impressões
Assim, iniciei o meu sistema e dei de cara com um KDE 4.0 muito bem configurado (de fato, o site especializado ARS Technica, já havia reportado que esta é a distro mais indicada para quem quiser se aventurar no KDE 4.0 – veja a figura 3). A primeira coisa que precisei fazer foi adicionar os outros usuários ao sistema, o que foi bem simples. Uma vez que coloquei seus nomes de usuário igual ao da instalação anterior, o sistema detectou a presença do diretório home de cada um já associou o diretório à conta recém criada. Além disso, ao detectar o cadastro de novos usuários, o sistema automaticamente removeu a opção de logon automático (se não fizesse, eu o faria), exibindo uma janela para confirmação da ação. Fácil, rápido e prático.
Figura 3. KDE 4.0 no openSUSE 11.0.

Aceleração
Para testar o desempenho da distro, desliguei e liguei o computador (tenho um Pentium 4 de 3.06GHz e 1GB de memória RAM) para analisar a velocidade de inicialização e percebi que está tão rápida quanto a versão 10.3, o que é muito bom. Então chegou a tão temida hora: testar o tão criticado gerenciamento de software do openSUSE.

Pra começar, mandei o sistema fazer a sua atualização. Este processo levou cerca de uma hora numa conexão de 128kbps, via rádio. Nada mal, levando-se em consideração a velocidade com que novas versões dos softwares que compõem as ditros são lançadas e que este é um sistema que já foi lançado há mais de um mês (fora a velocidade da minha conexão com a Internet)...

A seguir, adicionei dois repositórios: Hessi James e Packman, para instalar o soundKonverter. A adição dos respositórios foi fácil e rápida (antes levava um bom tempo para a sincronização com o repositório) e ao final de cada uma delas, fiz a importação da chave pública do repositório, para evitar futuras confirmações sobre autenticidade dos mesmos. Então iniciei o gerenciador de software.

Na versão anterior, o tempo de espera para se ter o gerenciador pronto para uso era irritante. Desta vez o tempo foi incrivelmente melhorado e em poucos segundos eu já tinha o programa pronto para uso. Então mandei buscar por soundkonverter e rapidamente os resultados apareceram. Selecionei os pacotes que queria instalar (soundkonverter, soundkonverter-codecs, soundkonverter-codecs-packman) e mandei iniciar a instalação. Com a mídia de instalação (DVD) no drive, fiquei tranquilo e aproveitei para fazer outras coisas, já que cerca de 60MB precisariam ser baixados dos repositórios remotos. Para minha surpresa, este processo foi bem rápido e em cerca de meia hora eu já tinha o software instalado e funcionando. Particularmente fiquei admirado com a melhora na gerência de pacotes. Antes eu evitava ao máximo abrir o gerenciador de software, para não me estressar e já havia cogitado fortemente a migração para o Ubuntu, por causa desta falha do openSUSE, mas parece que minhas preces (e de muitos outros usuários) foram ouvidas!

Concluindo
O openSUSE 11.0 é a evolução natural do camaleão, que agora está muito mais rápido. Para os usuários da versão 10.3, esta é quase que uma atualização obrigatória, nem tanto pelo visual, mas pelo desempenho. Parece que finalmente a gerência de softwares no openSUSE deixa de ser um tabu! Contudo, para que esta gerência seja comparada à do Debian, muito ainda tem que ser feito. Então o time de desenvolvimento não deve se acomodar: eles estão no caminho certo, mas ainda há uma grande distância a se trilhar. Resumidamente:

Prós:
  • Instalação: fácil, bem explicada e extremamente rápida.
  • Detecção de Hardware: não precisei instalar qualquer driver no computador. Exceto pela minha placa de rede sem fio (D-Link DWL 520+) e pela minha placa de vídeo 3D (Ati Radeon 9250) , o sistema detectou tudo.
  • Gráficos: como sempre muito bonitos e bem acabados. openSUSE é referência neste quesito.
  • Gerência de Usuários: Sem muitos mistérios. É fácil adicionar novos usuários ao sistema.
  • Gerência de Software: Sem dúvida a melhor novidade nesta distribuição. Rápido. Tudo o que a comunidade pedia.
  • KDE 4.0: A série 3.5 do KDE será substituida pela série 4. Por que não começar a migração desde já? Apesar de muitos não gostarem e eu mesmo já ter encontrado alguns problemas com esta versão do ambiente gráfico, o KDE4 tem seus méritos e eu não volto para a versão 3.5.

Contras:
  • Particionador: Um particionador gráfico seria muito bem vindo!
  • Ambiente Gráfico: Na tela de escolha do ambiente gráfico, poder-se-ia ter a opção de selecionar ambientes secundários, o que facilitaria para usuários que desejam ter, por exemplo, os KDEs 4.0 e 3.5 instalados.
  • Firefox: Desde muito tempo percebo um problema com a versão do Firefox do openSUSE: normalemente quando quero visitar um site, como o Google, eu não digito o nome inteiro do mesmo na barra de endereços. Digito apenas google e aperto Enter. Nas versões do Firefox para Windows e OS X que eu uso, o programa consegue achar o site que eu quero ou então me retorna para uma busca no Google sobre o que digitei. No openSUSE, desde a versão 10.3, esta pesquisa não é realizada. O Firefox apenas adiciona http:// no início da URL e, logicamente, retorna a mensagem de endereço não encontrado. Pensei que isto seria consertado na nova versão, mas me enganei. Fica a crítica.
  • Tradução: Ainda há muitos termos sem tradução no sistema e outros mal traduzidos, como a opção Sobre Eu das Configurações do Sistema, quando o certo seria Sobre mim...
  • Paciência: Fui jogar o bom e velho jogo de Paciência e percebi que o baralho que vem por padrão na distro, não existe, ou coisa parecida, por que em vez de visualizar as faces das cartas, quadrados com um X vermelho são exibidos. Bastou trocar o tipo do baralho, mas é uma falta de atenção dos desenvolvedores...
  • Lembrar Senha: A partir da conta do meu irmão, precisei acessar o YaST. Como estava com pressa, digitei a senha e teclei Enter. Só então me lembrei que a opção de lembrar senha fica marcada por padrão. Na minha opinião, opções deste tipo deveriam estar sempre desabilitadas e na janela aberta, deveria haver uma opção para esquecer a senha, opção que ainda não encontrei.
A nova versão do openSUSE me agradou positivamente. Não é perfeita, mas eu diria que, para cada defeito, há uma qualidade que compensa a sua utilização. Após lançamentos ruins como a versão-bomba 10.1, a comunidade openSUSE vem se superando e dando passos cada vez mais seguros para a construção de uma distribuição de respeito. Então ficam a minha avaliação positiva, meus parabéns e meu muito obrigado a toda esta comunidade que contribuiu, direta ou indiretamente, para o desenvolvimento desta grande distribuição! Que venha o openSUSE 11.1 em dezembro!

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