21 de julho de 2008

MP3 no Linux: Organização


Na última postagem sobre MP3 foram apresentadas as tags ID3 e como elas podem ajudar a identificar melhor o arquivo MP3, através de marcadores como título da música, nome do artista, ano de lançamento, nome do álbum, gênero musical etc. Além disso, foi apresentado um programa, o EasyTAG, que permite gerenciar as tags de forma mais simples.

Neste artigo veremos uma forma de organização das músicas através do EasyTAG. O objetivo é que, após a aplicação das orientações descritas aqui, o leitor consiga encontrar de forma mais fácil e rápida as suas músicas.

Antes de pensar em usar qualquer programa, precisamos definir como organizar as músicas. Particularmente acredito que uma organização concisa é aquela que utiliza as tags das músicas para organizá-las e é justamente isso que o EasyTAG faz. A estrutura que eu utilizo para armazenar as músicas é a seguinte:
Figura 1. Árvore de organização dos arquivos MP3.

Como pode ser visto na figura 1, há um diretório de músicas que concentra todas as MP3 do usuário. Dentro deste diretório há um diretório para cada gênero musical de interesse do usuário (não devem ser criados novos gêneros: as músicas devem ser encaixadas dentro dos gêneros previamente fornecidos pelo programa). Dentro de cada gênero musical há um diretório para cada artista que o usuário possui músicas. Dentro deste, há um diretório que segue o padrão Ano do Lançamento, sinal de soma (+) e Nome do Álbum. Por fim, dentro desse diretório estão os arquivos MP3, cujos nomes seguem o padrão: Número da Faixa, sinal de soma (+), Nome da Faixa e extensão (.mp3).

O sinal de soma para separar campos se deve ao fato de que muitas músicas ou álbuns possuem o sinal de subtração (-) em seu nome e caso o mesmo seja usado para delimitar campos, pode haver confusão na leitura por parte do usuário. Esta medida também facilita a criação de scripts para manipular os diretórios/arquivos desta árvore. Além disso, pelo fato de não ser usado o sinal de espaço em branco, deve ser obedecida a regra de letras maiúsculas em todo início de palavra e conjunções (os espaços em branco apenas não estarão presentes nos nomes de arquivos/diretórios: deverão ser usados normalmente no preenchimento de tags). Deste modo, uma música chamada Você e eu, passaria para VoceEEu. Este exemplo evidencia outra regra: pontuação (vírgula, ponto e vírgula, ponto, interrogação, exclamação etc.) é ignorada, assim como acentuação. Isto acaba com o problema de exibição de caracteres estranhos em players (e.g., som de carro) que suportam apenas o conjunto americano de caracteres. Outro ponto importante a ser notado: as tags em questão (Gênero, Artista, Ano, Álbum, Faixa e Nome) devem ser obrigatoriamente preenchidas pelo usuário para que o programa possa gerar a organização descrita.

As regras apresentadas no parágrafo anterior cobrem a grande maioria de álbuns que existem, contudo, pela minha experiência, pude detectar dois casos especiais. O primeiro é óbvio: álbuns duplos, triplos etc. E o segundo é o caso de coletâneas. Caso seja usado o esquema anterior com álbuns duplos, por exemplo, pode acontecer de duas faixas, uma de cada álbum, terem nomes de arquivos iguais. Este é um problema muito raro, mas pode acontecer. Outro detalhe importante é a organização: haveria várias faixas 1, várias faixas 2 etc. Neste caso, como saber de qual disco é determinada faixa?

Já no segundo caso, temos um álbum composto por vários artistas. Como na organização passada, o diretório com o nome do artista está um nível acima do diretório com os álbuns daquele artista, teríamos o mesmo álbum para vários artistas, ficando as músicas pertencentes àquele álbum separadas na coleção (e.g., é lançado um álbum com as melhores músicas Grunge do Nirvana e do Pearl Jam. Se for usado o padrão anterior, haverá um diretório com o ano de lançamento e o nome daquele albúm dentro do diretório de cada banda, cada um com as músicas daquele grupo, gerando uma divisão do álbum – agora imagine uma coletânea de 20 músicas com 20 artistas diferentes...).

Para solucionar os problemas anteriores, duas novas organizações foram criadas. Para solucionar o primeiro problema, a tag Número do Disco deve ser obrigatoriamente preenchida em todas as músicas pertencentes aos discos do álbum que possui mais de um disco, discriminando o disco a que determinada música pertence. Feito isso, o padrão de organização a ser seguido é o mesmo, exceto pelo nome do arquivo, que varia de Faixa + Nome .mp3 para Disco + Faixa + Nome .mp3. Assim pelo próprio nome do arquivo pode-se saber se determinada faixa pertence ao disco 01, 02, 03 etc. (o EasyTAG não preenche automaticamente com zero à esquerda números menores que dez, assim aconselho que caso o número do disco se encaixe neste padrão sugiro entrar com o zero antes do número).

Para o segundo problema, a mudança é um pouco maior. O gênero de uma coletânea será sempre igual a Soundtrack. Dentro do diretório do gênero, haverá um diretório que segue o padrão Ano+Álbum. Dentro deste diretório ficarão os arquivos MP3, que seguirão o padrão: Faixa+Artista+Nome.mp3. Deste modo os dois problemas apresentados estarão resolvidos.

Chegando neste ponto, o que resta fazer é usar o EasyTAG para implementar a organização proposta. No post anterior foi falado de um botão que renomeia arquivos com base nas tags. O nome deste botão é Verificar Arquivos. Uma vez que todas as tags das músicas estejam corretamente preenchidas, o usuário deve selecionar os arquivos a serem modificados (isso é muito importante) e clicar neste botão. Ao clicar, será aberta uma nova janela como na figura 2.
Figura 2. Janela de verificação de arquivos: Preencher Etiqueta.

Esta janela apresenta três funcionalidades: Preencher Etiqueta (figura 2), Renomear Arquivo e Diretório (figura 3) e Processar Campos (figura 4).
Figura 3. Janela de verificação de arquivos: Renomear Arquivo e Diretório.
Figura 4. Janela de verificação de arquivos: Processar Campos.

Na figura 2 temos uma opção muito útil quando temos arquivos MP3 com informações no seu nome de arquivo, mas sem informações nas tags, mas não a uso muito. Na figura 3 temos todas as funcionalidades necessárias para gerar os três tipos de organização propostos. Como pode ser percebido, o programa utiliza variáveis para gerar a árvore organizacional desejada. Existe uma variável para cada tag que o programa gerencia, mas as que serão utilizadas para construir os três tipos de organização propostos são:

%a – Artista
%b – Nome do álbum
%d – Número do disco
%g – Gênero
%n – Número da faixa no álbum
%t – Nome da faixa
%y – Ano de lançamento do álbum

Para criar uma nova combinação, basta remover ou alterar a combinação que já vem com o programa. Eu mantenho um caminho fixo que indica o diretório onde eu mantenho os arquivos MP3 em manuteção. Logo após, para gerar a primeira organização proposta, entro com a sequência:

%g/%a/%y+%b/%n+%t

Para gerar a segunda organização:

%g/%y+%b/%n+%a+%t

E para a terceira:

%g/%a/%y+%b/%d+%n+%t

Este passo deve levar em conta o tipo dos arquivos selecionados. Obviamente devem ser selecionados apenas arquivos com organizações iguais, já que só pode ser gerada um tipo de organização por vez.

Selecionado o tipo de organização, basta clicar no botão verde na parte superior da janela, ao lado do campo de seleção de funcionalidade (Renomear Arquivo e Diretório, no caso). Isto já colocará em prática a organização selecionada. Feito isso, no campo de seleção de funcionalidade, deve-se partir para a parte de processamento de campos. As tags foram preenchidas com espaços em branco de forma normal, mas como já foi previsto, os nomes de arquivos/diretórios não devem conter estes espaços, por isso eles devem ser removidos e é isto que esta funcionalidade faz.

A figura 04 traz a configuração que esta janela deve apresentar para que consigamos remover os espaços dos nomes dos arquivos: em Campos Selecionados, apenas a letra A deve estar selecionada. Além disso, as opções abaixo devem ser repetidas de acordo com a figura, principalmente a que diz Remover Espaços em Branco, que deve estar marcada. Feito isso, basta clicar no botão verde (assim como no passo anterior) para colocar em vigor as alterações feitas. O único problema aqui é que o programa remove apenas os espaços dos nomes dos arquivos. Os diretórios, caso contenham espaços, continuam com os mesmos, ficando a cargo do usuário removê-los depois com o auxílio de um outro programa, script ou mesmo manualmente.

Concluído esta última etapa, basta fechar esta janela e pressionar CTRL+S ou clicar no botão de salvamento para perpetuar as alterações feitas. Apesar de parecer complicada, esta organização é bastante simples, já que a maior parte do trabalho é feita pelo EasyTAG, restanto ao usuário indicar ao programa o que deve ser feito. No ínicio é comum ficar um pouco perdido, mas depois de algum tempo acostuma-se com isso e diminui-se o tempo de trabalho. Atualmente eu levo em média 5 minutos organizando novos arquivos para a minha coleção, sendo que este tempo depende de como e quais tags estão preenchidas. Além disso, o resultado faz valer a pena o esforço, já que a coleção fica muito bem organizada, o que diminui muito o tempo para encontrar determinada música ou determinadas músicas que obedeçam um certo parâmetro de pesquisa, como todas as músicas do gênero Hip-Hop.


Resumo da obra: abra o EasyTAG e preencha corretamente, seguindo as orientações do artigo, as tags de preenchimento obrigatório. Feito isso, selecione os arquivos que formam um grupo e clique no botão de verificação de arquivos. Na funcionalidade Renomear Arquivo e Diretório, selecione um dos três tipos de organização (se o mesmo não estiver presente, digite-o manualmente) e grave as alterações feitas. Na funcionalidade Processar Campos, use a configuração da figura 4 e grave os arquivos. Feche esta janela e salve as alterações feitas definitivamente nos arquivos.


Basicamente é isso. Espero que este artigo seja útil a alguém! No próximo falaremos sobre normalização do volume das músicas e nunca mais precisaremos aumentar ou diminuir o volume do som quando formos ouvir uma determinada música!


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