30 de janeiro de 2009

Apresentando o TeX

A maioria das pessoas que já fizeram trabalhos acadêmicos, passaram por problemas de formatação dos mesmos. Aquelas que já fizeram uma monografia ou artigo científico que o digam. Se a pessoa precisar submeter o mesmo trabalho a duas instituições diferentes, com padrões diferentes, o problema se duplica. Com isso, temos que, além do trabalho de pesquisa e implementação que a pessoa vai ter para desenvolver o seu projeto, ela ainda terá que formatá-lo. Então, se o prazo entre a concepção e a entrega do projeto é de, digamos, seis meses, a pessoa vai precisar de pelo menos um mês para formatar o seu trabalho1, o que diminui em 1/6 o tempo para pesquisa e escrita do projeto.

Este trabalho de formatação adequada de texto e fontes (tipografia), de acordo com um layout, chama-se diagramação e é tão complexo, que editoras, jornais e revistas dispõem de profissionais especializados para este fim. Como nem todas as pessoas tem recursos para contar com os trabalhos de tais profissionais, são elas mesmas que tem de realizar a diagramação de seus trabalhos, fazendo os papéis de pesquisador, escritor e diagramador. Agora, imagine uma ferramenta que realizasse o trabalho de diagramação para o autor do trabalho. Com esta ferramenta, poder-se-ia focar no que esta sendo escrito e não em como isto será apresentado, pois seria a própria ferramenta quem faria isso. Bom, esta ferramenta existe e este texto trata sobre ela.



Estudantes da área de computação devem conhecer Douglas E. Knuth (pronuncia-se Kanut). Este ex professor da Universidade de Stanford é bastante conhecido pela sua série de livros sobre programação, The Art of Computing Programming, que é extensa, sendo distribuída em vários volumes. Por isso, o trabalho de diagramação da obra não foi dos mais simples, principalmente se levarmos em consideração que o primeiro volume foi lançado em 1968. À época, Knuth estava insatisfeito com as ferramentas para formatação dos seus livros e isso o incentivou a criar uma ferramenta nova, que possuísse mais recursos, melhor qualidade no trabalho final e que precisasse de menos esforços para se formatar os documentos. Desta necessidade, em 1978 foi lançada a primeira versão do TeX.

TeX (procuncia-se Téck) é um sistema de processamento de textos, muito eficaz para expressão de fórmulas matemáticas, pois possibilita que as mesmas sejam criadas com relativa facilidade e proporciona resultados profissionais. O sistema criado por Knuth funciona como uma linguagem de marcação de textos: o usuário escreve o texto e vai marcando onde deseja formatações especiais, salvando este arquivo com a extensão .tex. Ao terminar, o usuário compila o arquivo, gerando um arquivo com a extensão .dvi (acrônimo para Device Independent), que é o arquivo formatado, podendo ser visualizado em programas como o Evince. Retomando a analogia do pesquisador, escritor e diagramador, é como se o TeX fosse o diagramador. O autor, após escrever o texto, precisa apenas dizer para o seu diagramador onde há palavras em negrito, itálico, figuras, tabelas, referências etc., para que este formate-as dentro do texto, de forma adequada com o layout usado.

Como nem tudo são rosas, utilizar o TeX requer um conhecimento amplo sobre seus comandos, o que dificulta a tarefa para usuários que não entendem o funcionamento de sistemas similares e àqueles que não tem tanto tempo ou paciência para aprender tais comandos. Atualmente, a maioria dos usuários de computador está acostumada com processadores de texto do tipo What You See Is What You Get (WYSIWYG), que exibem de antemão a formatação final do trabalho. Ao usar TeX, o usuário tem acesso ao resultado formatado apenas depois de compilar o documento. Antes disso, ele interage apenas com textos marcados, o que exige doses extras de atenção e abstração, para aplicar corretamente as marcações no texto e visualizá-las sem ter o resultado em mãos.

Nesta página há alguns exemplos do que pode ser feito com o TeX e com algumas bibliotecas de mais alto nível para a ferramenta. Na verdade é mais comum encontrar trabalhos feitos com estas bibliotecas do que com TeX propriamente dito, pois elas proveem uma camada de abstração para os comandos TeX, facilitando o trabalho do usuário.

Resumidamente
O processo de diagramação é complexo e exige que uma parcela do tempo total de realização do trabalho seja dedicado a ele. Neste contexto, o TeX surge como auxiliar para o autor do trabalho, ao realizar a diagramação do mesmo. Desta forma, o trabalho fica dividido em pesquisa, escrita e diagramação, onde este último é sub dividido em marcação do texto de acordo com os comandos e regras do TeX e compilação deste texto marcado, que gera o trabalho formatado de acordo com o layout escolhido, pronto para apresentação. Contra o TeX, pesa o fato do usuário ter que aprender os comandos e regras do mesmo, o que é agravado, se levarmos em consideração que muitas pessoas não tem aptidão ou paciência para isto.

De qualquer forma, o TeX é uma ferramenta poderosíssima, muito mais que processadores de texto como o Writer do OpenOffice ou o Word do MS-Office. Com ele fica fácil diagramar qualquer tipo de textos, dos mais curtos, como artigos, aos mais longos, como livros ou monografias. Outra grande vantagem do TeX é separar o conteúdo do layout. Assim, caso seja necessário alterar um dos dois, o usuário pode fazer sem medo de afetar o outro – conteúdo ou layout.




1 É óbvio que este tempo dependerá da experiência da pessoa com as ferramentas de formatação que ela utiliza, com o tamanho do trabalho e com a qualidade do material que já possui, entre outras variáveis. O tempo de 1 mês foi baseado em experiências próprias e de amigos que já passaram por este processo.

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