3 de março de 2009

FerramenTeX - 3

Nos textos anteriores desta microssérie sobre ferramentas TeX, foram apresentadas as bases do TeX, com a definição de distribuições TeX e o motivo de se escolher a TeX Live, para utilização dentro do Ubuntu; além de ter sido mostrado como compilar um código LaTeX com BibTeX. Com isso foram sugeridos alguns pacotes para serem instalados, para se obter um ambiente TeX simples e funcional. Com essas ferramentas já é possível criar e compilar arquivos LaTeX e BibTeX, mas a criação desses arquivos fica por conta de editores de texto, o que significa que o usuário é obrigado a escrever todas as marcações LaTeX, além de ter que criar os arquivos BibTeX. Isso pode ser prejudicial para alguns usuários, pois a carga de escrita aumenta consideravelmente, além de carregar um dos grandes problemas enfrentado por programadores: uma falha mínima de sintaxe, pode impedir a compilação do documento ou acarretar em perda de formatação (e.g., deixar de colocar a contra barra no comando de negrito – \textbf{negrito}).

Para solucionar ou amenizar estes problemas, foram criadas ferramentas de auxílio à autoria em LaTeX e BibTeX e este texto tratará especificamente de duas delas. A primeira, Texmaker, é um editor de LaTeX bastante completo, que se bem configurado torna-se uma verdadeira IDE para seus usuários. A segunda é o Pybliographer, que é um framework para manipulação de arquivos BibTeX. Ambas as ferramentas foram testadas no Ubuntu Intrepid Ibex e sua instalação foi bastante fácil.

Nota: Para instalar o Texmaker e o Pybliographer no Ubuntu, digite o seguinte comando (no meu sistema foi necessário baixar 212MB de pacotes): $ apt-get install texmaker pybliographer

Texmaker
Texmaker é um editor de LaTeX que se baseou no Kile, um software do gênero, feito para o KDE. O Texmaker também é baseado na biblioteca QT, mas depende menos do KDE do que o Kile, o que o torna multiplataforma. Como exposto, quando bem configurado e utilizado, o Texmaker deixa o nível de um simples editor, para assumir a condição de uma verdadeira IDE para LaTeX, isto pois o programa, além de oferecer as funcionalidades básicas, esperadas de qualquer editor LaTeX, como colorização de código, inserção automática de macros de forma semelhante a editores WYSIWYG (selecione o trecho que deseja formatar e clique no botão para formatar) e inserção automatizada de símbolos matemáticos, ele ainda permite que a compilação de documentos seja automatizada, conta com assistentes para criação de tabelas, novos documentos etc., permite manipular vários arquivos ao mesmo tempo, entre outros.


Figura 1. Tela principal do Texmaker, com um documento carregado.

O Texmaker é extremamente útil para criação e edição de arquivos LaTeX e ajuda muito na redução da carga de escrita para formatação dos textos. Para documentos com formatações simples, como negrito, itálico, sublinhado, citações, estilo de máquina de escrever e caracteres especiais, o Texmaker torna o uso de LaTeX tão simples quanto um editor WYSIWYG, mas com todas as vantagens do LaTeX.

Pybliographer
O Pybliographer é uma ferramenta para se trabalhar com bancos de dados bibliográficos, provendo um framework que pode ser usado para manipular tais bases de dados, com uma interface gráfica simples, que pode ser estendida. A interface gráfica padrão do Pybliographer é a Pybliographic, que é construída com a biblioteca gráfica GTK. Na figura 2, pode-se observar a Pybliographic executando com  um banco de dados (Refs.bib) cadastrado e uma entrada neste banco.


Figura 2. Tela principal do Pybliographic, com um banco de dados contendo uma entrada.

A interface gráfica que acompanha o Pybliographer é muito simples, mas muito eficaz e talvez esta simplicidade seja uma vantagem, pois torna mais objetivo o trabalho do usuário com o programa. O básico a se saber sobre o Pybliographic é que ao iniciá-lo não haverá qualquer base de dados cadastrada. Para criar uma nova, basta cadastrar as entradas bibliográficas no projeto vazio e salvá-lo. Para cadastrar uma nova entrada, basta clicar no botão Adicionar e preencher os campos da janela de cadastro (veja a figura 3), clicando em Aplicar ao final. Para obter mais detalhes sobre a utilização do Pybliographic, sugiro a leitura da página de documentação do projeto Pybliographer, seção The Graphical Interface.

Dica: Se o usuário deixar o campo Chave em branco, o Pybliographic cria uma chave automática para a entrada cadastrada, baseada nos dados preenchidos.


Figura 3. Tela de cadastro de nova entrada do Pybliographic.

As ferramentas apresentadas neste texto são o que eu considero como "ferramentas de alto nível em LaTeX", pois o usuário interage diretamente com elas, que trabalham em uma camada acima do sistema base (La)TeX/BibTeX, tornando mais fácil o trabalho. Apesar de automatizarem muitas tarefas, principalmente no caso do Pybliographer, onde o usuário não precisa digitar uma linha sequer para o BibTeX, é importante que o usuário conheça a sintaxe do LaTeX e do BibTeX, pois esse conhecimento pode ser usado para realizar configurações finas nos trabalhos.  Tal conhecimento da linguagem é especialmente importante no caso do LaTeX, onde há muitas formatações que o Texmaker e outras ferramentas semelhantes não fazem, mas que estão acessíveis através da edição direta das macros.




Leia Também
  • FerramenTeX - 1 – Instalação de comandos básicos para utilização de (La)TeX e BibTeX.
  • FerramenTeX - 2 – Como compilar um código LaTeX com BibTeX no TeX Live.

Um comentário:

  1. Pessoal, sei que o post é de 2009 e escrevo em 2013, então muita coisa já aconteceu no mundo da informática.
    Uma delas é o site www.writelatex.com.
    Você escreve seu texto no lado esquerdo da tela e o pdf vai sendo mostrado no lado direito.
    Sem instalação nem nada. Direto do browser.
    Fantástico.
    Experimentem.

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